terça-feira, 27 de novembro de 2007

Boca no Trombone!

Às vezes, não dá para segurar. Só mesmo o desabafo para protestar e exigir respeito ao meio ambiente.

Destruição do Cerrado
Todo mundo fala sobre o Cerrado, denuncia o desmatamento do Cerrado, promete fazer do Cerrado um patrimônio nacional e o que se vê é outra coisa: a flora, a fauna e as águas do Cerrado estão cada vez mais dilapidadas. A cada ano aumenta a fronteira agrícola, o solo do Cerrado vai sendo ocupado por assentamentos e os discursos continuam. Aliás, discursos de um lado e queimadas de outro. De discursos e boas intenções o inferno está cheio. Até quando?Sérgio B. Filho – Paracatu – MG
Porquês ambientais?
Por que tem tanto abuso no uso criminoso de recursos naturais? Por que tanta gente ocupa os mananciais para lazer ou simplesmente para roubar água para vender? Por que tantas indústrias jogam efluentes nos rios? Por que existe um abuso e pouca racionalidade nos projetos de irrigação? Por que os lixões degradam o solo e o lençol freático... São tantos os porquês e todo mundo sabe que a resposta é simples e direta: porque não existe fiscalização e a impunidade é real. Francis B. Cordeiro – estudante de biologia – São Paulo – SP

Retórica ambiental
O governo brasileiro definiu um pacote antiaquecimento para ser apresentado na reunião de Bali. Só queria entender como o Ministério do Meio Ambiente vai apresentar um pacote de medidas agora em 2007 quando o plano de mudança climática, segunda a ministra Marina Silva, só vai sair em 2008. A retórica continua sendo uma constante da política ambiental. Uma pena!J. Salvador de Assis – Salvador - Bahia

Falta de educação e burrice
Será que as pessoas não percebem que quando elas jogam toco de cigarro na rua, quando jogam chiclete ou papel de bala, enfim, qualquer objeto, todo este lixo vai para os bueiros que seguem, com as enxurradas, para os rios, lagos ou para o mar? Jogar lixo ou toco de cigarro na rua é feio, falta de educação, pouca civilidade e burrice. Se os bueiros são entupidos, a água vai para dentro da sua casa ou de sua loja.Clarisse Maria – São Pedro da Aldeia – RJ

Pacto de vida
O que a floresta amazônica precisa é de um pacto entre governo, sociedade brasileira, empresas e pessoas que habitam a floresta de zerar o desmatamento durante seis anos. Tolerância zero com o desmate. Durante seis anos ninguém vai poder cortar nenhuma árvore.Telmo C. Alencar – Belém - PA
Fonte: Folha do Meio Ambiente

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dicas: como você pode ajudar o meio ambiente

Evite e denuncie o desperdício de água pública

Denuncie e cobre
Denuncie a um órgão de defesa do consumidor os casos de conserto ou reparo na rede pública onde verificar negligência na execução por parte da firma responsável. Cobre de seus representantes (por meio de cartas, e-mails, telefonemas etc.) medidas que ajudem na preservação ambiental. É seu direito.
Esgoto a céu aberto
Ao notar esgoto a céu aberto sendo lançado em via pública, deve-se exigir providência dos órgãos competentes. Em paralelo, também é muito importante mobilizar a comunidade (associações de moradores, condomínios, etc) e entrar em contato com a imprensa local para que o problema se torne divulgado.
Faça sua parte
Una a comunidade. Atividades comunitárias mobilizam, mantêm ou aumentam o interesse público. Uma boa maneira de fazer com que suas idéias sejam conhecidas dentro da comunidade é reunir as pessoas em associações públicas e promover pequenos eventos como: feira ambiental, plantar sementes, limpar uma nascente, catar lixo no parque etc. Voluntarie-se também para falar em clubes, classes, ONGs e até na escola do seu filho sobre o assunto. Discuta o tema com editores de jornais, rádios e TVs locais.
Fontes: Agência Nacional de Águas; Uniágua; Manual Global de Ecologia

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Uma janela se abre para o mundo das grandes baleias do Pacífico Sul


Primeiros resultados da Trilha das Grandes Baleias revelam detalhes da migração de jubartes rumo à Antártida e empolgam cientistas envolvidos no projeto.
Marcar baleias com sensores, para rastreá-las por satélite, não é uma tarefa fácil. Na verdade, estudar baleias no seu próprio habitat nunca foi fácil, e talvez isso seja o mais estimulante de todo esse trabalho do projeto A Trilha das Grandes das Grandes Baleias. Apesar das muitas dificuldades, os cientistas do projeto conseguiram marcar 20 baleias e seguir sua migração por dois meses. Os resultados foram incríveis.
A Trilha das Grandes Baleias é uma colaboração do Greenpeace e cientistas que trabalham com baleias Jubartes no Pacífico Sul. Com o nosso apoio financeiro, um pequeno grupo de baleias jubartes pode ser estudado e marcado pelo Cook Islands Whales Research e pelo Opération Cétacés, da Nova Caledônia.

A equipe de cientistas conta com nomes renomados como Claire Garrigue, da Operation Cétacés. Ela estuda baleias Jubartes na Nova Caledônia, onde as mesmas se reproduzem. Estima que essa população apresenta menos que 100 indivíduos, e ainda pouquíssimos sinais de recuperação após o período de caça. Há fortes suspeitas de que as jubartes da Nova Caledônia migram para áreas de alimentação, onde estarão sendo objeto de caça científica dos japoneses nessa próxima estação.
Outro nome importante que faz parte do projeto é Nan Hauser, da Cook Islands Whale Research. Ela pesquisa baleias Jubartes e normalmente consegue foto-identificar através da cauda cerca de 60-70 baleias por estação.
Claire pode fotografar uma baleia no sul da Nova Caledônia e em poucas semanas, ou até anos, Nan Hauser pode ver e registrar a mesma baleia a uma milha da costa de Rarotonga (nas Ilhas Cook) apenas com base nos desenhos em suas caudas.
Essas combinações dos desenhos das caudas são muito importantes cientificamente, mas o movimento entre esses dois pontos no tempo e espaço é, ainda hoje, um mistério.
Em agosto e setembro desse ano, Garrigue e Hauser, trabalhando junto com um cientista brasileiro do Instituto Aqualie, conseguiram marcar com sensores 20 baleias jubartes – 12 na Nova Caledônia e 8 nas Ilhas Cook. Todos os cientistas, mais a equipe do Greenpeace e nossos colaboradores e voluntários estavam aguardando ansiosos pelas respostas dos sensores.
“Hoje podemos afirmar que estamos todos muito felizes com o resultado dos sensores, que transmitiram sinais das baleias por dois meses”, afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da Campanha de Baleias do Greenpeace Brasil.
"A marcação de baleias por satélite pode nos fornecer informações críticas sobre a estrutura da população e seu comportamento. Embora todos os sensores pararam a transmissão antes de qualquer baleia ter alcançado a Antártida, a informação conseguida nesses dois meses foi sensacional, e mostrou ser mais importante do que os programas de caça científica japonesa têm conseguido”, afirma Leandra Gonçalves.
Das 12 baleias da Nova Caledônia, algumas viajaram da área costeira do sul, pela área oceânica, para um distante banco de corais no sudeste, e algumas baleias permaneceram lá por longos períodos.
Até a realização da Trilha das Grandes Baleias, ninguém tinha idéia da importância da migração oceânica dessas baleias. Garrigue já está planejando um trabalho de foto-identificação e genética para a próxima temporada de reprodução nas Ilhas Nova Caledônia, e os resultados dos sensores podem movimentar esforços futuros para proteger o ambiente dos corais até então desconhecido, e agora com a presença das baleias.
Terra de Moby Dick
Uma dessas baleias surpreendeu a todos, deixou o sul da Nova Caledônia e se deslocou por toda costa oeste, centenas de milhas, para áreas de ilhas e corais conhecida como Chesterfields.
Isso trouxe aos pesquisadores a tona um registro histórico, porque no conhecido Dia de Herman Melville (isso mesmo aquele da história da Moby Dick), Chesterfields era um lugar onde se praticava a caça de baleia “yankee” no século 19. Ou seja, aí está a explicação para a ausência das baleias nessa área por um longo tempo.
Algumas baleias da Nova Caledônia se deslocaram para as Ilhas Norfolk e/ou para a costa norte da Nova Zelândia, preenchendo agora um passo chave no conhecimento prévio nessa população. Os cientistas sempre pensavam que as baleias iam para a Nova Zelândia, mas precisavam dessa confirmação, sobre sua migração.
Os movimentos entre essas duas areas são importantes, porque as baleias não têm mostrado sinais de recuperação dos tempos da caça em nenhuma dessas áreas e assim a ligação entre elas tem significativas implicações para a conservação desses animais.
Em todo esse contexto também pudemos concluir que as baleias marcadas na Nova Caledônia em nenhum momento foram para a Austrália, o que nos dá razões para acreditar que existem duas populações distintas na região.
Surpresa nas Ilhas Cook
O comportamento de oito baleias do grupo de 20 foi uma grande surpresa no entorno das ilhas Cook. Em vez de se espalharem e viajarem em diferentes direções, todas foram juntas para o oeste.
Uma das baleias viajou no sentido de Samoa, enquanto que outras se moveram para um complexo de ilhas e corais próximo à Tonga. Isso pode indicar que as baleias entram nas Ilhas Cook num tipo de 'onda' que as leva para as ilhas do leste, mas os cientistas ainda não podem afirmar - embora os movimentos tem sido observados entre as jubartes fotografadas em uma outra área de reprodução no Caribe.
Uma outra surpresa: nenhuma das baleias da ilhas Cook, diferente das observadas nas ilhas da Caledônia, mostrou qualquer sinal de seguir sentido do continente antártico. A variabilidade desses movimentos, e a consistência com a qual os animais das Ilhas Cook viajaram para oeste, têm importantes implicações para uma variedade de assuntos que seguem desde a estrutura de uma população rara e ameaçada até como esses animais navegam.
Dê nome às baleias
Nos próximos meses, cientistas vão trabalhar em mais detalhes do movimento desses animais, procurando respostas para afirmar se eles têm alguma relação com as características dos oceanos, como corais, correntes, fundo oceânico ou talvez até campo magnético – todos podem ter influência nos mecanismos que levam as jubartes em sua jornada pela imensidão dos oceanos.
Ainda estamos na expectativa para ver se um ou mais sensores voltam a transmitir sinais, mas todas as nossas baleias estão agora em nossa base de dados virtual para pesquisadores do mundo todo. E você pode ajudar a batizar cada uma delas, votando nos melhores nomes que foram escolhidos por internautas de todo o mundo. A votação começa no próximo dia 19 de novembro. Fique atento!
Fonte: Greenpeace Brasil.

Novo Mercado é minoria em sustentabilidade

O primeiro teste já veio e o resultado foi ruim. As companhias listadas no Novo Mercado, que estrearam em meio à explosão das aberturas de capital, foram as mais ausentes no processo de seleção para formação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Os administradores dessas sociedades mostraram que, neste momento, o tema não é prioritário.
Ricardo Nogueira, superintendente de operações da Bolsa de Valores de São Paulo, informou que ficou em apenas 30% o percentual das novatas que responderam ao questionário para definição do ISE, enquanto a média geral das demais companhias foi o dobro, 60%. Segundo ele, as recém-chegadas aparentemente estão ocupadas demais com a papelada exigida das companhias abertas para pensar em outra coisa.
Ocorre agora em novembro a definição das companhias que formarão o indicador de sustentabilidade, criado pela bolsa paulista em 2005. Será a 3ª carteira do ISE. A expectativa é que a divulgação ocorra na última semana deste mês, para que o portfólio revisado passe a ser usado como referência já a partir de dezembro. O indicador é feito a partir de uma seleção dentre as empresas emissoras das 150 ações mais líquidas do mercado, com base nas respostas apresentadas num extenso questionário, com mais de 100 perguntas.
Nogueira afirmou ainda que também não será desta vez que o índice alcançará a quantidade potencial de companhias participantes. A Bovespa limitou a 40 o número de companhias no ISE, para que houvesse competição entre elas e, com isso, a contínua evolução dos processos de administração. No entanto, sequer foi possível chegar a esse total. Na primeira edição, 28 empresas compuseram o ISE e, no ano passado, esse número subiu para 34.
O executivo da bolsa apresentou os números durante painel no 8º Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que elegeu o tema da sustentabilidade como prioridade para os debates deste ano. Pedro Bastos, presidente do HSBC Investment Banking, que também participou do debate, alertou os administradores: "As instituições estão formando pessoal capaz de avaliar o tema. É preciso estar preparado para conviver com essa realidade".
Ele contou que, neste ano, os trabalhos de formação de liderança do banco tomaram o tema como base. Foram formados seis grupos, com cerca de 10 pessoas cada, para resolver questões sócio-ambientais. A sua equipe atuou na cidade paranaense de Guaraqueçaba, com a finalidade de permitir a convivência entre a exploração do turismo e a preservação ambiental.
O banco administra no mundo todo fundos com patrimônio de US$ 1,5 bilhão dedicados à companhias com boas práticas ligadas à sustentabilidade. No Brasil, as carteiras com esse foco saltaram de um volume gerido de US$ 100 milhões, há dois anos, para US$ 600 milhões, aproximadamente, neste ano. Em breve, informou, um novo fundo com esse foco deve ser lançado no país.
Bastos explicou que a preferência por essas companhias vem da crença que, no longo prazo, haverá diferenciação de retorno, apesar disso não ser perceptível no curto prazo e também não estar presente nas conclusões de estudos acadêmicos da questão. "Acreditamos que há um viés de qualidade de gestão maior nessas empresas. Pensamos que elas se destacam em controle de risco e inovação."
Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro Real, destacou que a gestão eficiente de uma empresa, do ponto de vista sustentável, exige que não haja nenhuma dúvida entre os administradores a respeito do retorno embutido em iniciativas com esse foco. "É um falso dilema acreditar que é preciso escolher entre a sustentabilidade e o retorno financeiro", disse.
Na visão do executivo, os departamentos das empresas ligadas à sustentabilidade precisam desaparecer no futuro. "É como qualidade. No começo, as companhias tinham uma área para buscá-la. Hoje, já não há dúvida de que ela é obrigatória e deve estar presente em todo o processo produtivo, seja industrial ou de serviço."
Fonte: Celulose Online / Valor Econômico.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Seis das oito espécies de ursos estão ameaçadas de extinção, dizem cientistas

Pesquisa da IUCN vê risco espacial para espécies asiáticas de ursídeos. Caça ilegal e falta de reservas colocou urso-malaio na lista dos que podem sumir.




Seis das oito espécies de ursos existentes no mundo correm risco de extinção, principalmente na Ásia e na América do Sul, alertou hoje a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla inglesa).
A menor espécie do mundo, o urso-malaio (Helarctos malayanus), passou a ser considerada vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN, informou hoje o organismo internacional em comunicado. A lista classifica as espécies de todo o mundo em função do risco de extinção a que estão submetidas.
As populações do urso-malaio, que habitam as terras continentais do Sudeste Asiático, Sumatra e Bornéu, sofreram uma redução de pelo menos 30% nos últimos 30 anos e, segundo a ONG, continuarão desaparecendo nese ritmo.
"Apesar de termos ainda muito para aprender sobre a biologia e a ecologia dessa espécie, temos certeza de que está em problemas", afirmou o responsável da equipe de especialistas em ursos da IUCN, Rob Steinmetz. "O desmatamento reduziu tanto a área quanto a qualidade do habitat do animal. Mesmo nos locais onde seu espaço está protegido, a caça continua sendo uma forte ameaça", acrescentou.
Outras espécies que são consideradas vulneráveis são os ursos-negros e os ursos-beiçudos, ambos da Ásia, assim como os ursos-andinos. Mas o urso que corre o maior risco é o panda-gigante, apesar dos esforços ultimamente feitos na China para sua preservação.
Para a IUCN, é "pouco sensato" assumir que, com menos de 10 anos sob as novas políticas da China para melhorar seu habitat, "as populações de panda possam aumentar substancialmente". Entre as oito espécies de ursídeos existentes no mundo hoje, apenas o urso-negro da América do Norte e o urso-pardo não correm o risco de desaparecer.
O urso-polar, que em 2006 foi considerado uma espécie vulnerável pela IUCN, distingue-se dos outros sete ursos terrestres e tem um grupo especializado diferente, pois tecnicamente é um mamífero marinho. Por isso, a grave situação do urso-polar não foi tratada a fundo na reunião de especialistas em ursos da organização, que ocorreu no fim da semana passada em Monterrey (México).
Fonte: G1

Brasil volta a sofrer pressão internacional pela preservação

Anúncio de novo aumento no desmatamento provoca reações internacionais. Secretário-geral da ONU visitará floresta na semana que vem. Países europeus também manifestaram preocupação. Temor é que expansão dos biocombustíveis aumente degradação da Amazônia brasileira.
Rio de Janeiro, RJ – Após receber por três anos os elogios da comunidade internacional aos esforços perpetrados para conter a degradação da Amazônia, o governo brasileiro voltou a ser alvo de pressões vindas do exterior. Desde que foi confirmado que o desmatamento na região voltou a crescer de forma perigosa em 2007, a ONU, a União Européia e diversos governos nacionais já manifestaram publicamente sua preocupação. O temor internacional é que o início do cultivo em grande escala de matéria-prima para a produção de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, venha a acelerar ainda mais o desmatamento da maior floresta do planeta.
Com chegada ao Brasil, onde fará sua primeira visita oficial, que foi ontém domingo (11), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já sinalizou que seu principal ponto de pauta junto ao governo brasileiro será a Amazônia e os riscos que a expansão dos biocombustíveis pode trazer à floresta. A agenda do sul-coreano, que culminará em um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclui uma visita a uma usina de produção de etanol e um encontro em Manaus com cientistas e lideranças indígenas que atuam na Amazônia brasileira.
“O objetivo da visita a Manaus e à floresta, feita às vésperas da Conferência de Bali sobre mudanças climáticas, é dar uma clara mensagem política ao mundo sobre a importância da preservação da Amazônia”, disse Ban Ki-moon em Buenos Aires, onde iniciou esta semana seu périplo pela América do Sul e Antártida. Marcada para o mês que vem, a conferência da ONU citada pelo secretário-geral pretende definir quais serão os desdobramentos do Protocolo de Quioto após 2012, quando terminará a primeira etapa do acordo.
A ONU tem dedicado nos últimos tempos especial atenção à Amazônia. Em relatório apresentado no dia 25 de outubro, o relator especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação, o sociólogo suíço Jean Ziegler, cita a provável expansão dos cultivos de cana-de-açúcar e plantas oleaginosas no Brasil - e a ameaça que ela traz à Amazônia - como um dos principais motivos de seu polêmico pedido de moratória por cinco anos na produção mundial de biocombustíveis.
Presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), Rajendra Pachauri foi outro que, há poucos dias, se manifestou publicamente sobre a Amazônia brasileira. O cientista indiano, que defende a criação de “um tratado internacional para garantir a cobertura florestal do planeta”, sabe o quão complexa é a preservação da floresta: “Nos países emergentes, como o Brasil ou a Índia, há muitas pessoas que sequer tem acesso à energia”, disse.
Europa preocupadaA União Européia também já manifestou sua preocupação com a expansão do etanol no Brasil. Em visita ao país realizada no mês passado, a comissária da UE para a Agricultura, Mariann Fischer Boel, deixou um recado claro: “A União Européia não abrirá mão das garantias de que o etanol brasileiro está sendo produzido a partir de fontes ambientalmente sustentáveis. Sem essas garantias, o produto não entrará nos países da comunidade”, disse a dinamarquesa.
Junto com a pressão, os países da Europa acenam com financiamentos a programas de preservação da Amazônia. Através de um banco estatal, o Instituto de Crédito para a Reconstrução (KFW, na sigla em alemão), o governo da Alemanha anunciou a doação de dez milhões de euros para o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). O financiamento alemão, que depende somente do aval do Congresso brasileiro para se concretizar, ainda poderá ter contrapartida de igual valor vinda do Banco Mundial.
Outro país europeu a anunciar ajuda ao Brasil é a Noruega, que prometeu investir dezessete milhões de euros na proteção da floresta amazônica nos próximos três anos. O acordo entre os governos dos dois países foi selado no fim de outubro em Oslo, quando a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, se reuniu com o ministro norueguês Erik Solheim.
Governo ajusta os ponteirosEnquanto sofre as pressões internacionais, o governo brasileiro ajusta os ponteiros internamente. Após algumas declarações desencontradas de ministros acerca da possibilidade de se cultivar cana-de-açúcar para a produção de etanol na Amazônia, o Palácio do Planalto bateu o martelo dizendo que a região estará excluída do zoneamento agrícola e econômico que vai definir quais regiões do país estão aptas a atender à crescente demanda por biocombustíveis em geral.
Esse tema foi motivo de forte divergência no governo depois que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou no final de setembro que o zoneamento iria “permitir e até incentivar” a chegada da cana na Amazônia: “Em Rondônia, por exemplo, existe uma área devastada e que hoje é pastagem. Nada impede que se plante cana ali”, disse o ministro.
As declarações de Stephanes foram mal recebidas pela colega Marina Silva: “Não interessa ao Brasil que o etanol produzido no país seja identificado com práticas social ou ambientalmente incorretas”, disse a ministra do Meio Ambiente. A polêmica provocou uma reunião de emergência no Planalto, ao final da qual a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiu: “Não se plantará cana na Amazônia nem serão abertas novas áreas de plantio no Cerrado”, disse.

Fonte: Eco Agência.